Maria
Prosa e Poesia
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Presente Devolvido
Era o ano 22 de algum século, que já passou, e num piscar de vida, no mundo do sol, sim, já é passado. Fazia tanto tempo, tanto, tanto tempo, que não abria mais minha janela !!! Quanto tempo Meu Deus!
Sem poder abrir a janela ! Por não poder abrir a janela; por viver na escuridão; sem luz, sem sol; para não morrer... Enviava pelo correio alguns cartões. Para uma flor distante para que ela, que podia abrir a janela, e tinha a chave de um meu cantinho de jardim, as pendurasse em meu varal. Mas então, chegou o ano 20, eu pude abrir a janela da família, somente ela, somente ela... eu pude abrir... Mas já era tão bom ! Como era bom ! E então, veio o ano 22. E eu abri a janela mais uma vez. Completamente ! Plenamente! E quando a abri, mesmo sem ver nada, mesmo sem olhar para o jardim ou caminhar pela rua em busca de novas notícias corri para a caixa de correio de minha rua de 7 mensagens, e enviei uma carta... Ela já tinha alguns anos de escrita, mas não a tinha postado, a nenhum carteiro, mesmo que ela já estava pendurada em meu varal, a dois anos ou três... não sei quanto tempo... para que a tinta secasse. Ela falava do meu Mundo Interior. Enviei-a como um presente. De feliz que eu me sentia. Por só poder abrir a minha janela. Queria compartilhar minha alegria, e o que eu sentia da poesia... da poesia que eu fazia... da poesia que um dia, eu recebi de presente. Depois, com a sensação de ter feito algo bom, abri a porta da vida e corri para a rua... Soltei as tranças ao vento ! Voei minhas asas pelo mundo... Os olhos brilhavam de feliz, o coração saltitava, embriagado de luz... Na mesma hora, minha alma se encheu de felicidade. Porque eu vi O Povo e a Terra ! Encontrei um jardim florido. Vi a Roda Viva, ou Quase... Vi a Lua Parda !!! Você sabe o que é sentir felicidade? Foi o que senti. Vi o sol brilhar no meu dia. Vi que existia vida no alto do meu céu ! Mas... Como um castigo por ter ousado voltar, por ter ousado voltar a abrir a janela: hoje, só vejo um espaço calado, um jardim de duas flores, um silêncio que me pune como se tivesse sido um crime, nem bem abrir a janela e já ter desfraldado à luz do sol o Meu Mundo Interior, como: Um Presente que Você me Deu !
Maria
Enviado por Maria em 14/04/2011
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