Costura Perfeita
Me faz de novo, me costura perfeita,
como costureiro que disse: - Eu sonho!
Me emenda ao espelho de eterno amor,
um belo, plácido e sereno lago
em sono manso, adormecido em calor.
Pega o pano, junta os retalhos,
toma a linha, a agulha, e fere
o dedo à costurar - sem sangrar.
Me faz gente, não boneca de pano,
como as que minha mãe fazia
prá eu, quando moleca, brincar.
Me faz mulher, cor de multidão,
- sem cansaço -, tua conquista de amor.
Alinhava as bordas, junta a renda,
o fino tecido e faz o transparente:
Uma luz que surge prá te iluminar,
cantar por tua vida, tecer a voz
e tornar em meiguice o teu olhar.
Cerzeia o corpo, faz nele ranhuras,
desfia o véu e cobre a pele alva
com fiapos de fios de luz e calor.
Alisa a fazenda, passa o ferro, firmeza.
Acerta os detalhes e junta o molde.
Confere a figura, tece e rasga fora
as cores envergonhadas e as sobras.
Amarra as tiras e faz tua princesa.
Risca mais uma - dúzias de mim - numa só.
Costura e coze, com "Dedo de Agulha",
faz plantão no monturo de tecido...
Alinhava-me honesta e sobranceira,
costura cada ponto com o teu coração.
Faz vestido de amor, faz ser mulher.
Forma de rainha, canto e voz de sol,
harmonia do céu - vivaz e suave menina -
a mais brilhante estrela da constelação.
Maria
Enviado por Maria em 05/06/2011
Alterado em 05/06/2011