agora sou mulher de hoje,
somente hoje.

o ontem eu perdi.
não mais encontro
nenhuma linha sequer
de tudo o que tinha
com tanto amor,
amarrado em laços de fitas,
em papel de cores
coloridas, bonitas...

agora: só a memória.
só ela é quem me contará
que foi verdade
o passado que vivi.

hoje,
vivo assim:
sem passado,
sem mais história
prá ser bálsamo
para a alma em tribulação.

perdi. de tudo perdi.
e tudo se foi.
- assim como vento -,
tudo foi levado
para um mundo
que eu nem sei
onde está,
em que quadrante
de estrelas
se encontra.

briguei por ela.
clamei.
implorei até.
ameacei fazer
valer os meus direitos
sobre linha
que lá tinha.
de nada adiantou.
nem ouvir me ouviram.
mandam apenas dizer:
- um dia faremos
a migração !

espero !
já sem esperanças !

agora sou mulher,
poetisa maria,
sem história,
sem passado,
para nas horas
de dor... e saudade,
minha alma
com palavras do passado,
acalentar !