Folhas Soltas
E então as emoções se fizeram fortes. Levantou-se da pedra de onde observava as montanhas e o vale profundo...
Caminhou devagar para a ponte do rio que se estendia sinuoso no fundo do vale. Fixou os olhos lá no fundo e um sentimento de perda... franzino à princípio, tomando corpo depois, ameaçou sua alegria.
Caminhou outra vez para a margem do rio, em direção à pedra em que estivera sentada. Quando a alcançou, dobrou os joelhos, abraçou-os e ficou longos minutos observando a água bater nas pedras lá no fundo.
Incomodava-a o distanciamento. Doía-lhe a ausência; e aquele silêncio mudo no mensageiro, silêncio de um tempo de milênio, enchia-lhe o peito com uma dor incontrolável.
Aos poucos sentiu a vista turva e as lágrimas começaram a correr-lhe pelas faces vermelhas de sol.
Escondeu o rosto nas mãos. O pranto logo tornou-se convulso. O que fazer para aplacar o amor que lhe dominava os sentidos?
Perdida em sua mágoa num arrepio sentiu a brisa tocando-lhe a face com delicadeza. Como que tocada por alguém levantou o rosto molhado.
O silêncio era profundo. Seu pranto fez com que os passarinhos parassem de cantar.
Com as mãos trêmulas secou as lágrimas dos olhos. Um dia riso, noutro um rio de lágrimas.
O amor que crescera dentro dela seguia as cores do tempo e o ritmo das folhas ao vento...
Maria
Enviado por Maria em 19/06/2011