Destroçada
E, sentia-se assim: Como destroços de uma guerra obstinada e vingativa consigo mesma. Um espírito destroçado pelas lutas interiores. Mas com o que lutava assim tão arduamente? Nem ela sabia. Talvez a determinação de não sentir mais dor. Talvez o medo de já senti-la e não saber o que fazer, por onde caminhar, em que terras movediças pisar os pés para ferir menos a alma. Com a mão secou as lágrimas que, teimosas, não a abandonavam nem na hora da raiva. Mas por que tanta raiva? De onde vinha tudo isso outra vez? Ela sabia. Só não queria dizer em voz alta. Só não queria fazer concreto o seu conhecimento. Tinha medo da nudez da alma. Era tão bom viver escondida dentro de um manto de silêncio. É tão quieto e solitário o mosteiro interior. Prá que deixar a alma se desnudar outra vez? Não há mais prá quem... não, não há mais prá quem a desnudar. Onde o espírito que vive entrelaçado ao seu? Onde que não o vê? Nas cores silenciosas do arco-íris? No grito de uma melodia que só ela não consegue ouvir? Onde estaria ele, seu sol, sua vida, a luz que acende o seu candeeiro?
Maria
Enviado por Maria em 24/06/2011
Alterado em 24/06/2011