Maria
Prosa e Poesia
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Textos
Canto Aprisionado
Ouça o canto do pássaro na gaiola.
Ele chora a tristeza da não liberdade,
enquanto seu canto triste e melodioso
embevece a alma de quem o ouve com ardor.
Não entendemos o canto do passarinho,
nem se doem suas asas fechadas para o voo...
Encantados nos quedamos ao seu gorjeio,
enquanto ele espia por entre as grades da gaiola
com seu olhar longíncuo, triste e penetrante...

Seu canto é procurado e adorado -
embora só homens bem privilegiados o entendam -
comentam ser raro e extraordinário...
fantástico, inusitado e sobrenatural.
Que revive a voz de aves que já partiram:
os pássaros canoros da realeza,
que cantavam ao sabor dos calabouços,
comendo migalhas nas senzalas da antiguidade.

Ainda ouves o canto triste dessa ave?
Se encanta tua alma pelo gorjeio?
Alegra-te o sofrimento dos grilhões,
que prendem as asas do rouxinol cantador?
És um refém da ave aprisionada?
Quedaste tua alma à dor dilacerante,
sussurrada na melodia da terra-floresta,
ouvindo o cantar da ave amordaçada
pelos cordões da tua própria indiferença e desamor.

Como poeta triste, assim canta o passarinho...
maravilhando enquanto chora sofredor,
a dor que lhe toma a alma - o interior...
E o saúdam com coroas de flores sem saber,
que em suas asas cravaram-se doloridos espinhos,
atirados sem dó no tempo da desativação...
travando para sempre seu voo para o infinito,
onde seu canto seria sempre um hino à alegria,
e o rufar de asas uma bandeira à esperança,
um estandarte, espalhando ternura e amor...
Maria
Enviado por Maria em 28/06/2011
Alterado em 28/06/2011
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