Maria
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Águia Famélica
A quietude constrange a sonhar. A névoa da chuva de lágrimas seca quando o sol chega vespertino e acende as luzes de uma estrela na escuridão do seu anoitecer.

Uma imagem, um sol, às vezes tão quieto como o silêncio, às vezes tão distante como a lua, mas sempre tão perto como o ar, emerge das profundezas das sombras, vem entrando devagarinho pela alma...

A respiração profunda da brisa do vento do sol que vem do céu, é tal qual seda roçando a pele.

Os sentidos desabrocham como pétalas se desdobrando. A vida se abre como flor. O espírito se eleva, tal qual águia famélica de seu primeiro voo a caminho do céu. E voa alto. Voa longe. Em busca da imensidão que não cabe em palavras, do infinito que se encerra em seu início, dentro do coração.

A altura inimaginável causa sensações estonteantes que mal se consegue suportar. Indescritível sensação! A ser subentendida, apenas.

A força das asas num ritmo frenético e ávido, se confunde com a ternura e a doçura do voo, embalado pela brisa do céu. Contrastes que se juntam, completam, criando um atordoado e apaixonado momento de criação...

Os olhos se fecham para o corpo sentir, sugar, todas as emoções do primeiro voo.

Naquele instante único, íntimo do voo, existe apenas um céu para voar e uma ave abrindo suas asas, após milênios de pouso forçado em terra árida e estéril.

E parece agora tão natural encontrarem-se - céu e ave - na profundidade e paixão deste voo.

A ave nascera para aquela união, para aquele céu - para ele -.

O ritmo do voo carregou-os a uma jornada paradisíaca, e, juntos, entrelaçados na imensidão do universo só deles, expandiram-se como cometas atravessando o céu estrelado...
Maria
Enviado por Maria em 15/07/2011
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