180 Anos
e minha música
tem essa intensidade.
nasce de um silêncio
que já dura 180 anos.
quase dois séculos.
e sobe degraus,
vai subindo,
subindo,
até explodir
num som desembalado.
e então se cala
abruptamente outra vez...
e vai mansa, deslizando,
assim... bem assim...
quietinha...
silenciosa...
assim... assim...
e então levanta!
explode alto!
Faz barulho,
num vai e vem,
sem fim.
mas só entende
quem vem de trás
prá frente,
nunca de frente
prá trás.
nunca mais caminho
prá trás, embora
vou lá todos os dias,
buscar o meu passado
que mora lá.
lá onde o silêncio
nasceu, onde a vida
teve um fim,
lá onde tudo
fala, sem mais nada
dizer.
e faz tempo.
dois séculos quase.
é assim que vivo.
um dia por 10.
tudo multiplicado
por mil que são as vezes
que já fui.
e nunca mais voltei,
prá mim.
fiquei lá, prá sempre,
nos braços do
gigante adormecido.
Maria
Enviado por Maria em 10/08/2011