Dona de Nada
Sempre me achei dona de tudo,
e me descubro nos outros
que por aí ouvi contar.
Dizem que envelheci.
É, acho que envelheci.
Os anos passaram
e eu, sorrindo juventude,
nem vi.
Como dizem:
Ninguém é perfeito prá sempre.
Minha perfeição durou,
até me descobrir:
Dona de Nada.
Talvez as palavras
tenham razão.
Julguei mal.
Fiz tudo errado,
até nos tiros que lancei,
e, não acreditei no tempo
do tempo.
Se nem onde
- dizem -,
descanso sozinha,
meus sonhos
posso honrar,
que posso ainda fazer?
E ainda juram:
- Maria sem dono
é Dona de Nada!
E ainda juram:
- Maria, em sua
santa vida,
só os cisnes
disfarçados de patos
é que são seus,
quando acordam
em seus vícios.
E dizem mais:
- E pensávamos
que ela
nunca iria envelhecer,
porque dizia
enganando-se a si mesma:
- Vivo a plenitude
de meus dias,
vestida de cor
e mesmo contando
o tempo em cem
dias por um.
Engano !
Dizem que envelheci.
Envelheci, e agora
me chamam de
velha e
Dona de Nada !
Maria
Enviado por Maria em 16/09/2011