Passos silenciosos ecoam pelas trilhas que nascem a cada manhã. A alma calada contempla para além do que os olhos podem ver. E o coração constrói fios invisíveis para alimentar o espírito de Luz. Não há como encontrar palavras que possam descrever o que está escondido. Os recônditos da alma só a própria conhece, e, tímida, sente medo em revelar. Por isso o silêncio lhe amarra os lábios ávidos do canto que um dia falava. Mas então a vida explode em cristais esverdeados de fogo. É como se cruzamentos de luz surgissem das entranhas da vida. Mas devem ser caminhos não traçados para você, diz a alma entontecida pelos anos de sofrimento e silêncio. No entanto, incorporam-se a ela como fossem parte do corpo. Um mundo dourado que já existe há tanto tempo e só agora é descoberto. Deixou-se encontrar como um sol que nasce numa manhã de névoa. Uma toque de sombra a projetar-se sobre o tapete branco e as folhas verdes. Um sol a iluminar o topo da montanha azul. Surgiu devagar, quieto, calado, falando seus sonhos, na hora anterior. E dessa hora se faz o dia. E a flor,  despetalada e seca, renasce para a vida que nunca apagou...