Vago Olhar
No telhado, o gato aguarda despreocupado o amanhã, olhando a vida passar diante de seus olhos... Como um olhar a espiar a mão que o eternizou. Um vago olhar a espera do amanhã. Pois no tempo do tempo reluz a primavera daqueles dias. As lâmpadas não se entendem mais, mas parece que o sol ilumina a escuridão que nasce na aurora da vida. Mais à frente, se fazem caminhos. Meus pés descalços rebatem no cimentado da estrada. Quantos caminhos se cruzam qual fios num céu cinzento de névoa ? São pingentes de lágrimas a escorrerem pela face iluminada de sol. Na janela do tempo, folhas verdes e reluzentes primaveras. Rubras e rosas flores ladeiam o homem que pinta o futuro enquanto o outro colhe galhos secos sobre os telhados de barro. Olhos verdes, quietos, sublimes, suspiram ausências. Para onde a alma viaja quando se cala tão profundamente ? O cimento cresce vertiginosamente sem perceber preocupações. Janelas e mais janelas não contam vidas, nem temem a dor do futuro que ainda virá. No telhado o gato aguarda despreocupado o amanhã, olhando a vida passar diante de seus olhos...
Maria
Enviado por Maria em 16/02/2012