Subo a escada inacabada de meus pensamentos. Sou monte de pêlos em reflexão na tábua da varanda. Subo e desço escadas dentro de mim. Um pé aqui, outro ali. Incansável me esfumaço no ar. É assim que os pensamentos fogem e se dissipam pelas matas. Como pequenos cristais que escorrem dos olhos ciprestados de amanhã. Um choro doce e sereno a tocar a alma apaixonada de luz. Sou flor que beija a montanha e depois se esconde nos recônditos de um lar brisado de sol. Telhado de neve a misteriar o interior da alma. Lá fora o mundo é dos homens e suas mulheres de revistas. Dinheiro na hora e números para reclamar e pedir informações. Nem notam os filhos espalhados pelos jardins da vida. Nem andam de mãos dadas pelas ruas floridas de cercas azuis. Sou flor ao sol num fundo negro de sombra. Três- Maria a tocar os telhados do céu. Quem sabe um lírio amarelado de saudade, ou olhos de moça a espiar um mundo que nunca vi. Nada sei. Por isso fecho os olhos para a verdade: O mundo é das flores que se misturam a si mesmas, aos céus e ás sombras de paz. Então... Subo a escada inacabada de meus pensamentos...