Placas Tortas
Não sou quem caminha rápido pelas ruas de placas tortas. Mochila carregada de sonhos e esperanças. Não conheço esse andar desgovernado. Mal sei engatinhar linhas, trilhar palavras e gaguejar pequenas sílabas de alguns versos loucos. Meu mundo se perde na flor que dormita nos braços da pedra cimentada de dor. E minha voz se perde nos olhos amarelados de saudade. Sou ramo de brilhos mas fraquejo qual flor inclinada para um céu azul de sonhos. Por isso, fazem séculos que me prendi nas teias do jardim encantando. Minha fragilidade está na força de minhas cores. Meus sonhos dormem na montanha ensolarada de terras. E meu caminho se encerra no fim daquele arco-íris de luz. Não, Não sou quem caminha pelas ruas de placas tortas. Nem adentro florestas de musgos e folhas de veludo. Sou como os que alimentam os cães famintos pelas ruas. Num mundo de combalidos me encontro toda verdade de mulher. Saio vestida de cores pelos telhados inclinados. Mas me encontro, pássaro solitário, num canto da casa a me tapar de nuvens e pensamentos. Caçador de versos que se infiltram de sete estradas pela chaminé de minha alma, enquanto dorme o poeta da antiguidade em seu leito de paz... Não, não sou quem caminha rápido pelas ruas de placas tortas...
Maria
Enviado por Maria em 17/02/2012