Antigas Lembranças
Na meia lua, os fios que me aprisionaram à liberdade. Passo por eles com os olhos rasos de água. Ativam antigas lembranças. De um tempo em que vagava triste e sozinha pela rua, como um cão, faminto, desnorteado e perdido, até de si mesmo. A alma sangrava tragédias. Procurava sombras de paz onde pudesse descansar e florescer. Hoje ainda posso ver os lírios daquela época. Sinto o cheiro dos jasmins. Foi ali, num cantinho de primeira página de um livro, que risquei meu nome pela primeira vez... E, quando dei por mim, estava presa, emaranhada nesse chumaço de fios dourados. Foi então que me encontrei pela primeira vez. Depois, o tempo passou. E com ele o novo mundo que encontrei, deu voltas e mais voltas. Nesses ciclos da vida, fui ligada e desligada muitas vezes. Páginas e folhas se desfizeram no chão. Ontem ainda, cheia de saudades, vi Nossa Casa, a placa com o nome da rua... Agora, olho o convite na vitrine: Seja bem-vinda! Não vejo nome, nem endereço. Sempre entendi tudo errado... A alma tem medo... Como saber se também sou convidada ?... Na meia lua... os fios que me aprisionaram à liberdade...
Maria
Enviado por Maria em 27/02/2012