Olhos Nublados
O abrir das janelas do tempo espelha os olhos nublados pela névoa que veio do céu. Nada podem ver. Por isso se atiram, de corpo e alma, nas calçadas dos portões da vida. Orelhando antenadas o próximo passo... que se derrete em gotas brilhantes a escorrer pelos fios de esperança da tarde que já começou. Escorrem fugidias para o amanhã, quando minha alma foi descoberta, envolta em seu próprio caos, em sonhos de jardim. Por isso, queria só flores na minha janela. Não mais lágrimas aperoladas de dor, nem telhados escorridos de cicatrizes molhadas. Na verdade, na verdade, meu amigo, queria mesmo a face do sol, raiando sorrisos em meu amanhecer... E fazer da manhã, para além dos ramos das chaminés do tempo, uma festa de flores e rosas de amor e alcançar o céu a rodopiar rosada de luz. Mas, sou árvore que só nasce aqui... Por isso, o abrir das janelas do tempo espelha os olhos nublados pela névoa que veio do céu...
Maria
Enviado por Maria em 07/03/2012