É minha a dádiva do amor cravado fundo na alma. É minha. Quando fiz minhas descobertas sob o amarelado dos plátanos, o sol já se escondia atrás de altos telhados neblinados e portentosas chaminés miradas do tempo. Já não se podia vê-lo no entreaberto da porta, onde tolos olhos de sonhos imaginavam poder daquela soleira adentrar. Hoje, seu meio sorriso brilha por detrás das folhas e dos fios estendidos do céu. Ilumina varais e janelas impossíveis de se alcançar. Acaricia as verdes mechas e envolve de dengos a face rosada da flor. Mas, já se pode ver cortantes espadas apontadas em todas as direções. Tempestade solar? Aurora boreal? Não aqui. De certo no Canadá. Aqui, hortências chamuscadas, feridas grangrenadas e flor tonta e surrada de mágoa bem fincada no coração que só sabe amar... É minha a dádiva do amor cravado fundo na alma...