O Perfume do Poema
Na quietude da alma as palavras nem se tocam, tal a leveza com que flutuam para dentro de si. A necessidade de falar se engolfa em teimosias e surpreende com negações e tormentosas picuinhas de ausências de ontem. Por isso a alma se aquieta, se cala. É como se o rio voltasse em seu leito e se encrespasse de seguir adiante. O caos se organiza, sem opção. E o mundo se inverte em suas corredeiras. Então, o amanhecer se abre vermelho no horizonte. Brotam chumaços quentes da terra e se esparramam nuvens sobre os vilarejos da alma. Com um toque de sol, da fervura e vapor, eclodem pingentes dourados de luzes. Para nascer um poema, na palma da mão... a tocar a alma de ternuras e depositar doce, sobre a mesa, o perfume suave... dos pessegais em flor...
Maria
Enviado por Maria em 15/03/2012
Alterado em 15/03/2012