Não mudem Maria
Não quero mudar
a essência do meu viver.
Meu mundo também não.
Quero continuar a ser igual,
até porque não sou diferente.
E pode mudar o dia, as coisas,
até as gente que sempre
ficam iguais, mas eu?
Eu não, não quero mudar,
nem passar,
conforme passa o tempo.
Meu jeito de ser não mudo não,
posso abrandar alguma coisa,
mas a essência não quero
que mudem quando ficarem
me levando daqui para lá
e de lá para cá,
nem sem senão
de idas e partidas.
Nem quero que me cubram
o rosto de tinta, de quilos
de massa coloridas
que deformem minha face
e me transformem
num absurdo de mulher.
Mesmo a rotina de minha vida
não queria que mudasse.
Devia ficar igual.
Agenda cheia,
mas cheia de energia
para suportá-la.
E sei, não sou eu,
a Maria que é o
fruto da eternidade,
pois desconheço ter vivido
uma única vida sem morrer,
também não consigo me ver
em canto de um frugal coração,
a alentar, ainda mais por piedade,
essa, a piedade, quem ganha sou eu,
e olhe lá, só apanho, qual escrava.
Pois que vivo sempre
em bem plantadas,
rotineiras e meras
tempestades, e sou eu sim,
que vou sempre,
de bar em bar esfumaçados,
buscando os combalidos,
para dar a eles o meu amor,
e eternidade? não senhor,
para ela, minha vida nunca teve valor,
e, na verdade, só consigo um minuto viver,
no vão do tempo, entre a vida minha,
e a vida delas, as outras de mim,
que não aceito, rejeito sim,
pois eu sou eu.
Eu sou eu, só eu, Maria.
E me deixem ser igual,
sempre, como fui um dia...
Maria
Enviado por Maria em 25/01/2007