Essencial
E as vezes é como se dentro do peito borbulhassem amontoados de caos, uns sobre os outros, crescendo e se avolumando, invadindo florestas interiores e destruindo a ordem sustentável que regia a alma em busca de paz. Então, não se consegue mais ver o essencial, não se percebe mais que a lua caminha mansa no céu anil e pode tocar de ternuras a face da montanha em seu sono de luz. Não se percebe mais a doação de cores nas pétalas aveludadas da flor dourada. Só conseguimos ver que seu ninho de paz está de cabeça para baixo. E que sua vida descompensou e precisa ser desconectada da nossa para não nos ferir mais do já fomos feridos por seus espinhos de dor. É quando o outono chega em nossa vida. E se não abrirmos nossos olhos para ver o que é essencial, se só olharmos os altos e intransponíveis muros, ou para os tocos cortados que sobraram nas calçadas, ou ainda, nos largarmos inertes em eterna espera por sobre os telhados da vida, não conseguiremos perceber a estrada de sonhos que se abre todos os dias... bem diante de nossas mãos e pés... sedentos de luz...
Maria
Enviado por Maria em 03/04/2012
Alterado em 03/04/2012