Fui até o fim do mundo
Remoejo minha angústia
e meu sofrer para não
deixar mais ninguém ver.
Agora guardo segredo de mim.
Tudo é secreto,
menos minha vida,
que já foi esfacelada,
espalhada pelo vento
e distribuída igual
mercadoria de baixa valia.
Comercializada,
vendida e até por alguns,
jogada ao léu,
ou mesmo
desconsiderada,
sem valia, serventia,
um trapo, farrapo,
lixo, sem até ser reciclável,
abandonável,
tanto na Idade Média
como no mundo de hoje.
Mas tudo é segredo,
para mim é claro,
porque os outros...
Tudo sabem,
e ainda riem de mim.
Escárnio sofro todo dia,
e ainda vejo,
uma falta de respeito,
gentilezas?
Só uma ou duas vezes
recebi, e foi de mim,
uma rosa, não um cravo,
que mora bem do meu lado,
vizinha, outra, mais uma,
êta comunidade dos astros,
escapa de uma galáxia
cai noutra, bem ali,
no fim do mundo,
puro breu, um drama só,
sangue correndo dia e noite,
uma agonia, dá até medo,
horror, a vida fica em estupor,
a gente já nem mais nada sente,
ao contemplar, parece um cemitério,
de gente, vento penetrante uivante,
palco de morte, sem crianças,
sem rodas de brincar,
sem alegria, só chorar,
lágrimas sem fim,
e se no fim do mundo tiver amor,
aí quem chora sou eu,
por perder o sol do meu interior...
Tudo secreto,
muito secreto...
Maria
Enviado por Maria em 26/01/2007