Coração Amargurado
Se há amargura em meu coração
não foi de vontade
própria que ali brotou.
O coração amargurou
pelo pouco caso da vida,
pela solidão a que foi confinado
no tempo do espaço desta
Terra amarga, coberta de fel.
Se sou eu?
Já nem sei mais.
Ainda não me descobri.
Sei que até hoje sempre fui
o avesso, o ilógico,
o contornável,
até meio impessoal,
com magia só pela metade,
como uma alucinação,
ilusão do querer,
nem memória tenho mais,
foi apagada, dilacerada
pelo cruel jardineiro,
não sabe ele o mal que fez,
em deixar-me assim à mercê
dos corvos e abutres
que rondam minhas lembranças,
fazem de minha vida informações
para suas casas construírem.
Até já virei mulher internacional,
de além-mar, tem de tudo
neste fim de mundo,
até jornal, informativo,
mensageiro e digo,
penso sim, naquele
que foi o primeiro
a me tocar, me conhecer,
se tem a culpa,
ou se não tem,
não mais importa,
mas sabe e de mim
também faz jornal,
para colar na parede
de sua própria casa,
onde até hoje, de verdade,
mesmo no mundo virtual,
jamais consegui
colocar os pés...
Maria
Enviado por Maria em 26/01/2007