Maria
Prosa e Poesia
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Textos
Três sentimentos
E diante disso tudo, que já me aconteceu, olha, que dá vontade de chutar o pau da barraca e jogar tudo para o alto dá, ah isso dá. Dentro de mim sentimentos se acotovelam, se insurgem um sobre o outro. Tem de tudo dentro de mim. São vários momentos com seus vários motivos de eclodir.

Um deles a raiva. Ah, se eu pudesse por as mãos em alguém... Ah, se eu só pudesse... Arrancaria as orelhas, faria picadinho mesmo. Deixaria igual suco. Amassaria igual se faz com um gato. Colocaria dentro da máquina de lavar roupa, ou num tonel de água para cavalos e lá deixaria sofrendo as mágoas e se enchendo de nódoas como estão enchendo a mim, ao me despedaçarem e espalharem por aí.

O segundo é o medo. Mas esse é contra mim mesma. Medo de verdade. Medo do medo de ter medo, e ter de viver com ele. Desse medo quero me libertar. Mas precisa muita psicologia para isso acontecer. E muita vontade também. E essa força acho que já perdi. Mas vou conseguir ressurgir, um dia vou, e sem medo, sem choro, vou ser bem feliz. Podes crer. Vou viver, sem mais morrer, e serei como sempre fui, feliz, alegre, radiante de felicidade.

O terceiro é o amor. Esse é eterno. Nunca acaba. Com ele luto, sem armas, sem calcular, medir ou mesmo entender essa matemática dos deuses e astros que impunemente jogaram sobre minhas costas. Um sufoco. Um vazio. Chego a ficar oca nesta luta pelo amor. Permeio por angústias, distâncias, medindo até os centímetros que faltam para o relógio dar a volta inteira, um hora, ou meia, num ângulo que me permita contemplar, sem reter as maldades dos fuchicos que ouço rolarem pelas querências deste mundo cruel, onde as dores só prosperam, a felicidade não dá um passo e eu extenuada, exaurida, vivendo numa montanha de cansaço, digo com sinceridade, aguardo a morte, para encontrar um pouco de paz... e, poder amar sem medo de ser feliz.
Maria
Enviado por Maria em 29/01/2007
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