Muitas vezes o pensar conclui que é preciso desligar-se do poema que se aquietou, que ficou mudo, que não quer mais falar. Desligar o poema e mudar a direção do olhar. Quantas vezes uma voz já disse que é preciso olhar para dentro da própria alma e não o mundo ao redor, nem as possíveis edificações de palavras que possam surgir... Porque o sentir navega em águas entranhadas em grutas interiores. E esse jeito íntimo de folhear cada página do próprio sentimento nasce nos plácidos e turbulentos lagos lá de dentro e não nas primeiras páginas dos jornais do dia ou da hora anterior. Quantas vezes a alma pensa em desaparecer tudo e nunca mais abrir uma janela da vida. Mas... como fugir da própria vida, da casa dos reis, da meia-vida, dos ralos do amor sem fim? O elo cativa, a mística envolve, a magia contagia. Na verdade, na verdade, sempre foi possível isso compreender. Porque "o sentimento cresce... e estruturas estremece". E a poesia é o que se pode ter. É quem fala e quem ouve, é quem conversa com o interior, é o sussurro de mãos que a alma fala e sonha prá si. E... é o ouvir desses sussurros que fazem brotar águas interiores e fazem nascer torrentes de emoção e sentimento. É assim que nasce a poesia, enfim... É.. é assim... alguém tem a chave de ligar e desligá-la em mim...