Maria
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Textos
As Janelas Virtuais do Tempo
Nada mais me diz qualquer coisa da vida do tempo que o vento levou. Se não tenho mais porque lutar, preciso mesmo o barco abandonar. Sou marinheiro sem nau, que segue o rumo de ninguém.

Atordoada visito minha comunidade vizinha e hoje, mais sensata talvez, pensativa sobre as coisas do tempo, passei a prestar atenção, no alarido que fazem todas as manhãs, tardes e até durante toda a noite, a vizinhança em frenética tagarelice.

Meu Deus! Quanta conversa sem sentido, alguns até poderiam dizer conversa mole, conversa jogada fora.

Minhas vizinhas são lindas, maravilhosas, mulheres algumas parecidas com aquelas que a gente quase só vê em televisão, mas fico pensando no que vai no interior dessas almas.

Seriam ocas? Ou teriam algum conteúdo? Em algumas delas dá para ver algum recheio, mas, em outras, parece tudo vazio, feio.

Devem ser bem abastadas para passarem o dia, enquanto as empregadas cuidam da casa e dos filhos, tagarelando pela internet.

Bom, não posso falar muito porque também sou andarilha deste fio, embora hoje já parei de falar. E nem sei se ainda quero ouvir. Cada dia me afasto mais de tudo e de todos. E creio até ser empurrada para isso.

Hoje estou, e é proposital, abandonando um pouco tudo isso, e creio, se receber mais um ou dois pesadelos que me assustem fugirei e me esconderei para sempre, longe, bem longe das antenas desses fios que nos ligam ao mundo, mesmo que seja o mundo das montanhas e dos astros que habitam esse imenso universo de luzes.

E isso não é um aviso, é um lembrete para mim mesma.

Fujo, fujo sim, e ninguém, nunca mais vai ouvir falar de mim.
Maria
Enviado por Maria em 03/02/2007
Alterado em 02/09/2009
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