Maria
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Textos
Memórias da Flor
“Se eu fosse escritora... escreveria as Memórias da Flor. Era uma vez... há milhares de anos, antes mesmo da semente morrer... “.

Mas... o sol não a escuta mais. Nem "sente" mais seus sentimentos. Ela está falando sozinha. Assim como uma vez lhe foi dito: “Você está falando sozinha”. E... já fazem eternidades. Ele conseguiu lhe apagar de sua vida. De seu coração, de sua alma de luz. Talvez... talvez ela nunca esteve lá. Mas... achou que estivesse. Ela sempre sonhou o amor de partilha. Um amor de duas vias, com uma rótula de encontro infindável, infinita... Mas, descobriu que em si só precisou construir a rota que vai... a porta de saída. Porque ele calou seu coração. Não lhe fala e não lhe escuta mais... ele não "sente" mais os seus sentimentos...

e... de em meio a escuridão... escapa um último grito:

"não sei viver de migalhas.
então escondi a fornalha de sentimentos
ela ainda queima, diariamente...
mas o fogo se esconde no rascunho interior
do jardim do poema perdido.
agora... as memórias são minhas
vesti-me dona...
não fugirão mais o mundo pelas frestas iluminadas.
viste as trancas nas portas, as grades na janela?
agora só espiam o sol lá de dentro...
viu a porta fechada, os ferrolhos de aço cortante?
servem para guardar a alma de fugir
com migalhas de entradas de réstias de luz..."

E... depois de milhares e milhares de anos, dizem os anais do interior do poema perdido, que a flor foi perdendo o seu vigor. Sem luz... já não brilhavam mais suas pétulas... que foram caindo, uma a uma... secando as folhas, dobrando os ramos, encolhendo suas raízes... até... morrerem suas sementes... Então... o solo tornou-se inóspito... um deserto de sementes mortas... E... nunca mais uma flor nasceu naquele lugar...
Maria
Enviado por Maria em 01/06/2012
Alterado em 01/06/2012
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