Dos Infortúnios
O corpo encurvado e entristecido pelos anos já não sabe onde ir, se perde por entre os pingos da chuva, perde os sentidos no ir e voltar. Quantas vivências se escondem sob sua casca de antão? Quantos risos e quantos abraços não fez acalentar? Olhos marejados contam da dor sentida, que toca e fere o coração. Somos tão pequenos diante da imensidão deste universo de luzes. Carregamos as mãos vazias para parar a morte e prorrogar a vida. E esse fardo de impotência é pesado de carregar. Não sabemos lidar, nem driblar os infortúnios que nos assolam. Sim, tens razão: podemos dignificar as perdas - elevando os olhos para o alto - torná-las valiosas e dignas. Mesmo rodando em volta de si mesmo, o consolo aquece a alma amortecida pela dor e saudade... Mas... o corpo encurvado e entristecido pelos anos já não sabe onde ir... e a dor sentida toca e fere o coração...
Maria
Enviado por Maria em 06/04/2013
Alterado em 06/04/2013