Todos os dias morre uma ave.

Vi uma morrer ontem
e hoje também,
mas vi uma ave
ressurgir das cinzas,
num vôo azul,
planando sobre
as nuvens
no limbo do sol.

Suas cores
espalharam-se
na melodia
de seu canto
e sua alma reluziu
o amor e a bondade
que margeiam
seu coração
de ave sonhadora.

Vi essa ave recobrar
o sentido da vida,
o equilíbrio da mente
e a razão dos sentimentos
mais profundos
que moram no interior
de seu espírito.

Vi essa ave sobrevoar
minha vida
e dela fazer
seu ninho,
para com alegria,
repousar na doçura
das asas do sol
que brilha a cada
novo amanhecer.

E como anjo de luz,
vi-a abrir as asas
sobre os raios do sol
e assim guardá-lo
à sombra de suas orações,
para que sua alma
rejubile de festa
e sua vida seja
um constante doar-se
ao novo mundo
que se abre
para o caminhar
dos pés descalços
da vida que
agora me sobra.

A solidão que
ontem nasceu,
hoje morreu
em minha vida,
pois um anjo de luz,
mora em meu coração.