Coisa Esdrúxula
Palavras são palavras. E quando escritas, dizem o que vieram a ser depois de ditas, falam da compreensão do leitor e não da intenção do autor. Pelo menos foi isso que aprendi lendo o analista no correr dos anos.
Por isso me surpreende a análise do poema. Sou leitora voraz e devorei o texto instantaneamente. Só que, ao contrário do que escreve o analista, em mim ele causou indigestão. E ao ler a análise mais ainda me cresceu o espanto. Onde está o que não vi, o que, no texto, não percebi?
Acredito que é um metapoema, pois poesia em cima de poesia. Mas, me perdoem autor e analista, porque não vejo o que, segundo retórica do analista um poema deve provocar no leitor – o alumbramento, o estranhamento, a beleza e o inusitado sobre a criação da obra.
Mas, percebo que o autor sim sente isso em relação à obra-em-criação, à concepção de seu próprio texto. No entanto, que pena prá mim, pois não consigo perceber o mesmo em mim, a leitora.
Para mim o poema está falando de uma relação “incestual” (será que esta palavra existe?) do autor com seu texto, com suas próprias palavras. A meu ver o autor pensa no que vai escrever e sente o gozo do que pensou... Então, escreve desse gozo, do seu próprio vivenciar a poesia que criou, o que cabe somente ao leitor, ou como sempre diz o analista, é parte personalíssima do leitor e não do autor.
Neste sentido, não creio que o autor esteja falando de outro poema ou do livro onde o poema insere-se, que, pelo título, fala do ato da criação do autor. Mas, a impressão que fica para esta leitora, é que o autor está falando daquele poema que vai, de linha em linha, nascendo de seu útero poético. Esse, o próprio, que é crivo da crítica do analista.
Achei de “mal gosto“ o poema, até porque, me incomoda o próprio autor rejubilar-se com seu texto (como se o leitor não existisse), gozá-lo antes mesmo que ele saia ao mundo. Soa-me esdrúxulo e narcisista.
Mas... falo do meu sentir. Por isso, são apenas reflexões e registros de uma leitora sobre um texto que ela leu. Não é uma crítica ou mesmo um acender de um pavio de pólvora. É só Maria falando... Maria... que só sabe falar o que sente, não entende nada de que é ou do que não é poesia...
Maria
Enviado por Maria em 04/10/2013
Alterado em 04/10/2013