Desculpe meu jeito de ser
Desculpe meu jeito estúpido de ser ...
Desculpe minha explosão, minha confusão.
Perdoa minha insensatez, minha irracionalidade.
Não quero ser assim, não quero ser assim e agir como criança, embora
ache que sou uma.
Não sei porque sou assim, reagente e com uma criatividade tremenda de ver coisas onde elas não existem. Ou talvez existam e não quero
vê-las. Uma contradição eu sei.
Mas e eu? Não sou uma contradição em pessoa? Talvez tudo isso
aconteceu porque na verdade, no fundo, no fundo, eu me vi ali.
Enxerguei-me na inconstância, na confusão, no caos e na escuridão de
vida. Vi-me na alegria de viver, na força de lutar, na sensibilidade
de curtir pequenos momentos como uma chuva fina e mansa que cai num dia frio. Vi-me família, amor e paixão.
Enxerguei-me amando a natureza, passeando por ela e vivendo a vida
despreocupada, cheia de amigos de verdade, que se importam e que amo demais.
Em alguns momentos a memória me trouxe lembranças vividas por mim, com frases, palavras que quase podia sentí-las em mim, ouvir o tom em que foram faladas.
E te vi ali também. Vi sua dor, sua solidão, sua tristeza, seu amor,
sua bondade, sua ternura. Vi sua força, sua determinação, sua
vontade de vencer tuas lutas e buscar a vida verdadeira.
Vi teu passado, tua vontade de morrer. Tua vontade de sumir, vencida por tua força, tua coragem, tua abnegação. Vi teus princípios, teus sonhos, tua vontade de viver o amor completo e que preenche todos os vazios.
Vi você lutando contra ele e depois admitindo-o, mas vi seu medo de se entregar.
E vi todas minhas amigas que visito todos os dias. Vi o que elas me
contam quando as visito. Vi suas lutas de mãe, suas lutas com as fainas do dia-a-dia, suas tagarelices no msn, sua gravidez, o trabalho cuidando das contas de uma empresa.
De outra vi o vestibular, a visita da afilhada. Enfim, seus tempos
visitando uma àoutra o dia inteiro.
Enfim, por ver tudo isso, não vi o óbvio. Deixei de olhar para o que
deveria ser olhado de verdade. Deixei de ver que responde ali minhas perguntas, que ali está tua mão estendida e que esse lugar é na verdade um desejo meu.
Um santuário. Um lugar de perenidade de vidas.
Descobri ali todas as estrelas do jardim. Até aquela que já morreu. E tenho medo de que seja a próxima. E tenho medo de que sempre terei de compartilhar com outras o meu espaço, o meu lugar.
E sabe, vendo tudo isso deixei de ver a mim mesma. Deixei de crescer e viver o meu dia para viver a vida dos outros.
E ao fazer isso feri e machuquei. Até quando reagi a mim mesma.
E sei, é esse o lugar que devia procurar. E lá encontraria a lua.
Hoje vou lá. Como sol que sou, falar com a lua.
E espero que a lua fale comigo hoje naquele lugar.
E hoje olhando minhas próprias canções percebi que é isso que quero
dizer.
E quero hoje ter um dia feliz. Só hoje, um dia feliz.
Maria
Enviado por Maria em 02/05/2007