Como tantas vezes já dito, é na solidão, saudade e embaraço, que as profundas reflexões vem à tona. Você que me escuta há de entender o que estou sentindo. Um pequeno gesto, o vento na pétula que sangra cor, o assobio minuano nas escarpas da serra e as lembranças levantam suas bandeiras... O folhear de trêmulos dedos nas páginas de um diário, amarelado pelo tempo, desnudam momentos que ficaram no passado. Na outra mão a chave que tudo guardava. Quantos risos e lágrimas compõem as linhas escritas na mais profunda solidão há tantos milênios? E as profundas descobertas e suas histórias guardadas nelas? Quem disse não haver sabedoria na solidão? A solitude de vida já me presenteou com tantas descobertas sobre mim mesma que nem as posso contar. Me ensinou a viver com o outro a partir da intimidade, cumplicidade e solitude comigo mesma. Tantas escolhas foram feitas na mais profunda solidão com a própria alma e até hoje são estradas de carquilhos amarelos na caminhada rumo ao caminho do sol. Fizeram e ainda fazem trilhas para o andar do coração. Por isso o já dito em tantos e tantos lugares: é na solidão, saudade e embaraço que as profundas reflexões vem à tona...