Poema de Trigo e Pão
É no silêncio da semente que os trigais garlam os campos, vão e se tocam... e se fazem dor... e terra e pó. Depois, em voo de fênix dobram suas hastes num balouçar de canoa... e, mesmo moídos por angústias tão terrenas, saciam a fome das estrelas e galáxias longíncuas. É como a alma do rio, que fere as águas nas escarpas das rochas e morre no desejo de enterrar seus braços nas margens que banha, e por fim, se entrega generosamente ao mar... e nele se afoga e se deixa por ele transformar... Também o orvalho que cai na terra morre raízes e silenciosamente acolhe em seu corpo as sementes... Como a alma poeta, que é dor e pó, silêncio e semente... em poema de trigo e pão...
Maria
Enviado por Maria em 05/09/2014
Alterado em 05/09/2014