Maria
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Após a Partida
Sonhos insones me acordaram na madrugada. Caminho em palavras... O coração aos pulos. Um nó na garganta. Lágrimas ferindo a face. Penso como nunca antes. Fecho os olhos. A alma povoada de angústias acolhe a si mesma... O silêncio e a solidão transmutam o pensar... As lágrimas falam dos sentires. Milênios de sentimentos que se derramam nesta visita. Mas, não há quem ouça ou sinta minha presença. Quero gritar. No entanto, sei que não adianta. Já gritei tantas vezes e o eco dos meus gritos retornaram silenciosos, vazios. Nem eu me ouço mais... nem eu me ouvirei mais... Me sinto fraca, perdida... cansada... muito cansada... Em doze atos após a partida, entreguei tudo que sou... tudo de mim, falei tanto... de tudo que sou e o que sinto... esvaziei-me... exauri-me de mim mesma... Agora, sou um saco vazio, perdido, sozinho e largado pra afundar nas águas turvas da indiferença. Estou perdida. Não sei o que fazer... O que faço? Arranco do peito as raízes que machucam? Arranco-me de mim? Não, não posso fazer isso. Tantas perguntas, angústias, ausências...longas e doloridas... O dia começa a amanhecer. Abro asas. É meu último voo. Esse, do décimo segundo abrir de cortinas após as "Viagens". Saio dos palcos da vida. Vou em direção aos penhascos abissais, à montanha de abismos. Levo nas asas, salpicadas de sangue, um coração morimbundo de saudades e ferido pela indiferença. Mas... um coração envolto em amor... um coração com beijo de pluma, com toque de luz... Levanto asas... a brisa do voo tem o dom de despertar.. O céu ainda está escuro. A lua borda a montanha. Dentro dela a sombra de minhas asas.. Um pequeno e último sinal: estou aqui... ainda sou, ainda sinto, ainda estou... estou aqui... ainda estou... aqui...
Maria
Enviado por Maria em 28/09/2014
Alterado em 28/09/2014
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