Sei que, no escondido, miras minhas pupilas de floresta... e sentes o traço triste de minha alma... Também ouves os gemidos doloridos trazidos pelo silêncio, saudades das mútuas migalhas concedidas. Sei que miras minhas pupilas de floresta. Não te percas dentro delas, pois vivo horas de deserto, debruada por holocaustos de silêncios... Sei que me miras... e sentes o traço triste de minha alma no riscado de tuas mãos... Sei que podes ver meu olhar de ave ferida. Sabes que ando colada ao chão... Asas fechadas, salpicadas do sangue que jorra da flecha fincada em meu peito. Podes sentir meus longos silêncios... São gritos de socorro...súplicas de um coração ...pedidos da alma: misericórdia irmão!  Vem, toma minhas asas... se não o fizeres... me verás eternamente caminhando assim, tão frágil, rengueando penas... passos sôfregos e embriagados... colados, presos ao chão...