Maria
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A Era da Solidão
Percebo, com muita dor, que existe um tempo em nossa vida em que você se descobre só. Completamente só.

E não importa aos outros o que acontece com você. Se chora, se está triste, se quer desistir de viver, se quer fugir prá um lugar tão, tão, tão distante, que nem teu coração possa mais te achar...

Você fica tão cansada de tudo, das coisas, das pessoas, das mesquinharias das pessoas, dos sorrisos falsos, dos olhares esquivos que dizem ao te olhar "estou te olhando" mas que se desviam ligeiro para não dar tempo de você dizer: "que bom que me viu, precisava que alguém me enxergasse"...

E então as coisas do mundo perdem o valor, você começa a se desprender, a se desamarrar de tudo o que até pouco tempo era importante, prioridade, imprescindível...

Não tem mais vontade de olhar o mundo, de gritar amor prá dentro do fundo de um poço escuro e de silêncio, de se importar se alguém ainda se importa com você...

Abandona rituais que julgava essenciais prá continuar à viver, você pára de procurar o que nunca mais encontrou ou nunca mais encontrará, você deixa de ver se existe vida para além de Plutão, para além do Caminho do Leite...

Saber ou não se ainda existe uma primeira página de um livro aberto em algum lugar já não é mais lenitivo de vida... porque já nem sabe mais se esse livro um dia mesmo existiu ou se foi invenção de sua mente num surto de criatividade...

Você olha pela janela e fecha os olhos para não ver se ela ainda tem alguma coisa prá teus olhos verem...

Você não quer mais abrir os olhos prá ver se o sol brilhou, se um pássaro raro abriu asas e cantou sua música tão esperada, tão aguardada...

Você já aguardou por tantos e tantos milênios e só ouviu o silêncio, que hoje tua alma não conhece mais o seu canto, não saberia identificar... não conseguiria ouvir para além do silêncio longínquo que agora é o som de sua vida...

Chega um tempo na vida em que você olha para os únicos dois lados da vida que ainda tem importância em sua alma e diz à si própria:

- Hoje, tanto faz se me deitar ao lado de quem já está na eternidade, ou se me aconchegar numa alma onde a vida ainda pulsa...

E você descobre que quando mais precisou, quando mais sofreu, quando sofre, a ponto do sofrimento doer o espírito, só resta você e ... Ele.

Descobre que é só isso que existe e importa. Você e Ele.

E percebe que Deus foi o ÚNICO que não te abandonou, que não negou um gesto de amor, que não deixou de carinhar tua face e soprar a brisa do alento em teus olhos para secar tuas lágrimas...

Maria.
Maria
Enviado por Maria em 08/10/2014
Alterado em 08/10/2014
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