Rubridez da Dor
E então tens uma sensação de grandiosidade dentro de tua maior pequenez. Como se só então existisses. Como se só então te descobrisse alguém...
E persegues pensamentos e corres atrás do vento, de suas trilhas para tentares encontrar algo, algum papel, um rascunho, alguma pedra que te diga um pouco do que foste, do que és, se realmente exististes.
Parece que quando o tempo de se estar só chega, a maturidade arromba tua porta prá dizer-te que até ali não soubestes viver, não soubestes ser...
E observas o horizonte ao longe. Um vácuo se faz redemunhar, um vazio se faz criar, como um buraco negro onde uma estrela se esconde.
Abres as asas. Olha-as. Vês as estrias sangrentas, percebes as feridas rasgadas, as penas arrebatadas pelas infindas tempestades...
Levantas as asas... tão alto, tão brancas e tingidas da rubridez da tua dor... Levanta-as acima de ti... e tentas... e tentas... e tentas...
E elas não voam mais... estão pesadas, cansadas, tão, tão cansadas que as lágrimas escorrem de cada pena para seus olhos, queimando a face e cavando sulcos onde tua história um dia vai se esconder...
Maria.
Maria
Enviado por Maria em 08/10/2014
Alterado em 08/10/2014