Vida de Penas e Palhas
Ela era ainda menina. Uma adolescente de seus 14 ou 15 anos.
Sua família era muito, muito pobre. Além dela eram mais 4 irmãos e irmãs. Faltava de tudo naquela casa. Quase não tinham o que comer. Cada dia era uma luta.
E quando chegava o inverno, o que já era difícil tornava-se extremamente sofrível. Faz muito frio no Sul.
A casa onde moravam era simples. Dois quartos onde ficavam as crianças, outro para os pais da menina e a cozinha que além do fogão a lenha continha um antigo guarda-louça, uma mesa e bancos de madeira ao redor desta.
Os pais da menina sofriam muito por ver os filhos passando tantas necessidades. Quase não tinham roupas para o frio e não havia cobertas suficientes para todos. As poucas cobertas que havia eram de pena de pato e os colchões das camas eram de palha de milho.
Dizem que a noite, nos dias muito frios, os filhos iam todos para a cama dos pais. E dormiam ali, na cama com o pai, para se aquecerem.
A mãe dormia na cozinha para cuidar o fogo. Este não podia se apagar. Senão, na manhã seguinte, demorava para esquentar o fogão...
No chão perto do fogão, a mãe colocava uma bolsa de estopa e dormia encolhida sobre ela, nas costas um velho pelego.
Situação dramática, fome e frio assolavam todos os membros da família. Então... tomaram uma decisão: distribuir os filhos menores entre os parentes e a filha mais velha, adolescente, prepararam-na para casar.
Levaram-na na casa de uma parenta mais abastada para que esta lhe ensinasse bons modos. Lá, em poucos dias, aprendeu a cozinhar, passar roupa, limpar uma casa. Depois de um tempo lhe arranjaram um homem para marido.
A menina estava pronta, pensaram. Mas, haviam esquecido um detalhe importante. A noite de núpcias. Ninguém lembrou de explicar-lhe o que aconteceria naquele momento. E quando chegou a hora e o marido se aproximou para consumar o casamento a menina ficou apavorada e fugiu.
Escondeu-se na mata e tiveram de montar uma força tarefa para procurá-la.
Depois de alguns dias encontraram-na faminta, suja e arredia... A devolveram ao marido por quem, com o tempo, ela veio a se apaixonar. Com ele viveu até a velhice e teve 11 filhos e filhas...
Como é a vida. Tantas coisas que no passado deixavam de ensinar por vergonha. E... Quantas vivências atrás de um nome, de uma pessoa, de um sorriso ou de uma tristeza... O que tudo pode haver de história que ainda não sabemos, que ainda não conhecemos e que, talvez, até faz parte da nossa?
A vida é mesmo uma caixinha de surpresas...
Maria
Enviado por Maria em 30/10/2014
Alterado em 31/10/2014