Igarapé da Alma
Entranho minhas raízes em busca de minhas cores.
Pássaro atormentado, reverencio a dor de sementes
que se alastra no sopro de um poema de luz...
A minha sombra silenciosa se deita no tombadilho de minha barcaça...
E a noite segue, nestas águas silenciosas, aveludada de perfumes e sons.
Como pode um coração trêmulo de dor e saudade...
enxergar só a beleza das estrelas
que se debruçam sobre a solitude evanescente da noite diáfana
para ouvirem as canções que o poeta chora
e os acordes que fogem de seus poros de sonhos?
É no nascer das migalhas que nos concedemos
e na improbabilidade de minha existência de deusa
que a palavra me faz ser canoa, água e terra para meus versos...
E o poema se desenrola na maturidade da transparência de um igarapé
que nasce espelho em minha alma de floresta -
Isis de sonhos ainda não realizados -
e da poesia incerta que brota semente da noite de luz,
enluarada de lágrimas, dor, palavras, música e perfumes...
Maria
Enviado por Maria em 31/10/2014
Alterado em 31/10/2014