Anisete
Quero a poesia
que me cala
em lágrimas
de apartes,
livre de etiquetas
e brumas de antolhos.
Que dá nó no peito
e tudo para...
Mas, faz navegar
o espírito anum.
Quero a poesia
que não diz...
Mas, calada fala,
- apocalíptica e nua -,
com dois sentidos,
sem rumo certo.
Dois caminhos...
Sem ter nenhum.
Uma poesia que baila,
faz barulho, estrala.
Na alma ressoa,
muda, gritante.
Como dois tambores -
vulcões enormes -
gigantes...
Parecendo...
somente um.
Quero uma poesia onírica
que não se rende
à cela e à prisão;
que seja aurora
na hora do ângelus;
se anela de fogo
em águas barrelas,
pobre ou rica...
perfumada de aniz...
Ou... bodum.
Quero a poesia assim:
saída de mim,
do meu abismo interior,
dos vãos do meu espírito
que se confunde com o teu.
Sem lápides do dia,
revestida de tropo...
Quero-a qual
mágica de palhaço...
Sussurros de cabrum.
Quero-a despida
das lingeries
que a moda calça,
sem o fardo das cercas,
que a amarram
em limites
que eu não construí.
E, que seja sempre,
curiosa e traquinas,
como seu final,
sem rima.
Tonta - sorri... -
de bebum...
Quero a poesia
que seja tudo ou nada,
seja muito,
sendo sempre,
e pouca.
Que seja tecida
de antanho,
num tempo
como hoje,
amanhã, ontem,
- estranho - .
Quero-a anisete,
desvairada... e louca !
Maria
Enviado por Maria em 08/11/2014