Sementes ao Vento
Ciscos tolhem as lágrimas dos olhos no tempo que nunca foi. Abrigo-me nas perguntas que não calam e fazem a vez de nós dois. Águas que escorrem das pedras e caminhos que sobem aos céus. Olhos que expectram angústias no alvorecer que já partiu. Não sei se sou minha parte ou do anjo que mora em mim. Ele se cala e sofre dores que me cravam cruzes na alma, já falida de tanto esperar o que não virá. Já não sei onde vou. O tempo não pára e não credita saldos em meu calendário. Minha bússola de mão me conta que o milagre de viver está em só aceitar. Mas se gente nem sou? Tenho lá minhas dúvidas de que seja uma flor ou uma pedra que o tempo jogou na terra para procurar um lugar. Sinto-me mais como pedra a obstruir o caminho de luz do sol que por minha causa deixou de brilhar. Pedra fui. Pedra sou. E para matar e morrer, caí do alto da caçamba sobre mim mesma. Refiz-me de vestes invernais e caminhei para a casa silenciosa do poeta. Choro agora lágrimas por um tempo que nunca foi. Caminho em seus desejos. São os mesmos meus. Todos não mais realizáveis. E me bruta a dor da poesia que não cala e das palavras que nunca ouvi e que nunca encontro fora do meu coração. Nada mais vejo. Olhos na escuridão. E no fundo, do fundo de tudo: espíritos que se brotam, entrelaçam e ousam continuar a ser. Almas irmãs - acalentam sua dor e seu amor nas vagas de um tempo que vem e vai.
e deixa as sementes
rolarem
nas asas do vento...
um dia a flor
desabrochará
linda e formosa
no pátio de luz;
lá onde mora
o sol,
onde está
plantada
sua raiz:
será flor!
luz!
ternura
de vida!
por lição e
aprendizado!
Maria
Enviado por Maria em 17/12/2014