Iluminâncias
Anoitecia. O crepúsculo tingia de fogo o céu e o mar. Olhou para o nada como se estivesse esquecida do mundo. Sentia-se como uma concha vazia, como se não houvesse sobrado nada dentro dela que a fizesse vibrar pela vida. Lembranças de milênios se levantaram como a força das ondas do mar... recordações da manhã luminosa em que viu a luz através da folha do plátano e descobriu o que era amor. Foi assim que ele chegou: vestido de iluminâncias, como um raio de luz num dia de nuvens. Um amor assim, que a fazia ser fraca e forte ao mesmo tempo. Um amor assim que lhe enlouqueceu, lhe tirou o fôlego... O mesmo fôlego que lhe arrancava agora, por entre os soluços do peito, num poema que mastiga solidão...
Maria
Enviado por Maria em 10/01/2015
Alterado em 04/02/2015