Só nos Subterrâneos
Caminho triste pelos longos subterrâneos, pelos escuros porões da alma. Cada passo que dou em direção às portas fechadas e cerradas, é uma agulhada de dor que corta o peito. Olho e olho e não entendo: Por que tudo continua ali, detrás das portas, quieto, parado, estacionado nas prateleiras, pegando pó? Por que perdi a coragem de abrir as portas, desfraldar as cortinas, tirar o véu e deixar a alma, o coração falar? Não sei mais o que fazer. Nem mais por onde ir, pisar. Os pés descalços ardem a cada passo... Com a mão seco as lágrimas que teimam em rolar. Por que choro? É a saudade que dói? Massacra o coração e entristece o espírito? É uma dor forte. Uma dor surda que rasga o corpo, que dilacera por dentro, que apaga o brilho do olhar e faz tremer o coração em soluços. Ando triste por aí. Meio perdida. Sozinha. Quieta, calada. Aperto as mãos entrelaçadas junto ao corpo... Chega a doer os dedos, a minha angústia. Queria poder dizer. Mas, pra que? Pra quem? Não sei mais se alguém me ouve, me vê em meu medo, em minha angústia, em minha saudade. Por isso, caminho triste pelos subterrâneos da minha alma...
Maria
Enviado por Maria em 13/01/2015