Trilhos Vazios
Como a tempos não acontecia, me perco em trilhos vazios, chacoalhando solidões. Continuo rosa descalça, de terras e palavras. Contemplo a branca e solitária lua, resplandendo charme na escuridão da montanha. Os limites de minhas fronteiras começam ali, naquela visão longíncua do paraíso. Neste outono de sesmarias, só a uma rosa é permitido ultrapassar cercanias e alambrados tão bem construídos. E essa não sou. A lei que divide terras, dividiu mais uma porção de areia para o lado de baixo de minha ampulheta. Em minha mais doce ilusão recebi como presente essa lei que divide terras e distribui sonhos. Mas... sou estrela cadente, vagando bem só no universo de luzes. Fecho os olhos e me deixo levar pelo barulho dos vagões de sentimentos que se espremem dentro do peito. Em minha escuridão, cardos e flores de cáctus. O silêncio dói e mata. Como a tempos não acontecia, me perco em trilhos vazios, chacoalhando solidões...
Maria
Enviado por Maria em 19/07/2015