Maria
Prosa e Poesia
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Textos
Completude
Não é preciso habilitação pra remar uma canoa,
basta saber usar os remos e ter um rio para navegar...
O rio Amazonas não é o único rio navegável,
quem gosta de remar, rema em qualquer água,
qualquer rio, ou lugar...
Pode-se remar nas águas de um igarapé,
numa lagoa nas montanhas e até em alto mar.
Navegar nas águas entardecentes do Araguaia
ou na aurora colorada do Uruguai,
dá o mesmo prazer a quem gosta de sentir
a brisa roçando a face, arrepiando a pele
ou fazendo carinhos nos cachos do cabelo.
A diferença está na margem que desejamos alcançar...
É isso - o cais - que vai definir o lugar do meu navegar.

Um índio não o deixa de ser
só porque lhe tiraram o arco e a flecha,
ou porque cobriram seu corpo de peles descartáveis...
Nú, ou coberto de vestimentas, continua sendo um índio.
Porque tudo é só uma questão de ser,
e não uma condição de que armas eu tenho e uso,
ou do que possuo nas mãos, ou não...

O mesmo acontece com o poeta...
Que não precisa de nada para o ser.
Porque um poeta, é sempre um poeta.
E, é sempre um homem, ou uma mulher.
E se é um poeta, não o deixa de ser
por lhe faltar algo, ou ter em excesso
o que não deseja... ou não quer...
Já, não é qualquer homem ou mulher
que pode ser um poeta,
mas sim, uma alma sensível e louca,
capaz de amar suportando a dor
de não conseguir expressar a completude
de seu sentimento... e chorar...
Chorar lágrimas de sangue
por só saber viver no exercício de sua insanidade,
da qual, o objeto de seu querer,
lhe outorga a liberdade
que não quer, que não deseja...

A felicidade não é qualquer coisa,
mesmo que a batizamos com um nome.
E, nem qualquer coisa
pode ser chamada de felicidade,
ou ainda alguma coisa, que nem sabemos o que é...
A felicidade é um estado da alma
conquistado quando concluímos a busca
do que nosso coração almeja alcançar
desde seu primeiro minuto de existência...
Isso é a felicidade... Nada mais !!

Um boto cor-de-rosa não é Deus,
porque Deus não é um Deus morto,
e um boto pode ser abatido com facilidade
quando um coração não o amar o suficiente
para mantê-lo vivo...
Mas, ele pode ser como minha alma poeta,
que dança com as palavras
a música do sol, do imperador...
enquanto dança o balé das águas o boto cor-de-rosa...
até ser abatido pela crueldade mercenária do caçador.
Assim como minha alma poeta
atira em seu próprio coração,
quando se deixa levar
pela frieza das circunstâncias,
pelo descaso...
e não deixa mais seu espírito ser tocado
pelos dedos apaixonados do amor...
Maria
Enviado por Maria em 20/07/2015
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