In(comunicabilidade)
A chuva que cai faz cortes profundos no pensamento. Dói a alma, que viaja o mundo à procura de sombra e luz. E, olhos amarelos num manto branquinho, encontra seu ninho numa janela de vida nas manhãs. Alimenta o espírito e abre o canto dos lábios, em olhares de ternura. Que mal há em não compreenderem as pisaduras da flor? Para serem sentidas é que nasceram suas raízes, fazendo suas pegadas eternizarem-se nas iluminuras da parede. Porque não é possível haver incomunicabilidade entre dois corações, quando são somente um... Por isso, caminho sem medo, ruelas interiores. Atravesso pinguelas e me deleito com a vida, qual lua num céu azul de terra dourada. Se vago solitária - alma "imbricada" e sem "dicionários" - num quadro azul, é porque o sol encontrou e captou essa imagem, eternizando-a, em seus devaneios de luz. Não construo mais guerras por ter sido descoberta. Aceitei - plácida - meu destino no mundo dos eternos... Sou lua da montanha azul, e aguardo - soberana -, o singrar da canoa ao encontro do entardecer de minha alma, enquanto pinto rabiscos in(comunicáveis)... na tela da eternidade de luz...
Maria
Enviado por Maria em 23/07/2015
Alterado em 23/07/2015