Transitoriedade dos Afetos
Em meu desajeito de ser, não busco superficialismos, nem a transitoriedade dos afetos que só tem uma via: o culto ao corpo e a felicidade sem tristezas, perdas ou lutas. Neste mecanismo de exposição, além das futilidades latentes, só existem alegrias, coisas boas e o que deu certo no cotidiano do tempo. Mas, a vida não é assim. Ela é afeita a perdas, dores e tristezas. E são elas que formam nossa essência e fortalecem a resiliência e a vontade de viver e seguir sempre em frente. São elas que nos imputam a solidariedade e a paz dos braços dados com o outro. Em meu desajeito de ser, não busco superficialismos, nem a transitoriedade dos afetos... Quero a profundidade das emoções e palavras vivas, que não se apagam com o tempo, nem desaparecem no corrido de um papel inexistente. Quero a beleza dos sentimentos que algumas estradas não permitem perceber. Por isso me sinto tão fora do mundo. Como se não me adapta-se aos tempos modernos, como se pertencesse à outra época, à antiguidade da concretude das palavras. E nessa lucidez em que me encerro sobrevivente, despedaça-se a alma, porque muitos se vão... no navegar leviano da modernidade...
Maria
Enviado por Maria em 05/08/2015