Travo do Tempo
Num travo do tempo me perdi em mim somente. Foi como enrolar a alma numa esquina do corpo e soprar dela qualquer existência de luz. Comi o amargo da vida e me desfiz em sal de lágrimas para as feridas que brotaram na pele do coração. Tudo porque me sobrou a escuridão. E dela grunhiram meus lamentos. Contudo, nesse tormento, não partilhei solidão. Fui buscar no âmago do ser, no poço mais fundo da alma, o amor mais lindo e mais doce e o entreguei numa bandeja de ouro. Com ele minha alma, meu espírito, meu coração. Meu gesto não foi sequer percebido... Por isso, num travo do tempo me perdi em mim somente. Meu destino é silenciar... por isso... enrolei minha alma numa esquina do corpo e soprei dela qualquer existência de luz...
Maria
Enviado por Maria em 01/11/2015