Maria
Prosa e Poesia
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Quando a lua virou sol
Hoje o dia amanheceu neblinado. Choveu muito à noite. Via pela janela a chuva cair, dentro e fora da alma.

Sinto medo. Medo do amanhã.

Compreendi ! Fiquei no passado. Mas fiquei aqui também. Até quando não sei.

Preciso falar ainda. Como sempre. Ouvir, temo que nunca mais ouvirei.

Meu coração viajou nas noites e horas calmas do dia. Pelo passado !

E lembrou de um amigo, alguém que se consternou com a "dor de sua alma" e ofereceu um ombro. Mas fez muito mais do que isso !

É o rio Amazonas que corre manso para o mar, recebendo seus afluentes enquanto canta o pássaro triste.

E como disse o rio "rasguei o jornal para ler os poetas tolos e os tolos que amam os poetas". Um rio profeta que cantou o amanhã "as árvores velhas já deram frutos", "a menina que chora merece uma oportunidade". Era eu ali !

Achei até bem pouco tempo, acreditei, que era a árvore sendo desfolhada ou a menina que chora, mas entendi que já sou a árvore velha. Por isso preparei minha morte. Árvores velhas morrem com o tempo.

Elas envelhecem até se curvarem seus galhos e caírem seus pedaços pelo chão, porque acham que por algum motivo não compreendido, não explícito, alguém ainda precisa de mais um pouco de sua sombra, como refrigério para o corpo cansado, antes de prosseguir na caminhada do caminho do leite...

E a velha árvore chora triste e só. Como um pássaro triste. Sabe que vai morrer porque o sol vai morrer. Se o sol morre a natureza morre junto. A árvore morre junto.

Então, sabe que vai morrer e seu pó se misturar à terra. Virará cinza, pó. É disso que ela é formada e por isso ao pó voltará e o vento soprará o pó e o depositará nos outeiros e nos lugares mais esmos da terra.

Só servirá para ser pisada pelas novas árvores que nascem e pelos passos dos donos do jardim que ali caminham à contemplar as novas flores, as novas árvores que nasceram no dia em que a lua virou sol...
Maria
Enviado por Maria em 07/07/2007
Alterado em 02/09/2009
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