Dedar a Dor
Também sonhei milagres
em oásis de terras férteis.
E quando vesgou do céu
a primeira colheita de meus desertos,
despovoada do vento arenito,
povoei-me de grânulos
dessas pedras erosadas do tempo.
Por isso, ouvi muitas vezes que
- mesmo de longe -
nunca cheguei no tempo certo,
nunca tentei dedar a dor
com o apanágio de minha força iata,
com minhas mãos de pedras áticas -
igual a uma hebreia santificada...
As sobras dessa ingratidão,
dizem os incautos da hora,
sempre foram vésperas de solidão,
um vento de chuva de lágrimas pra cá,
uma tempestade de grãos de oásis pra lá...
E nesta ambivalência do tempo,
ainda colho oásis e desertos
em minhas noites de madrugadas insones...
Maria
Enviado por Maria em 21/09/2016