Garganta Seca
Se guardo um silêncio na gaveta do tempo ou se enterro minha voz no vapor que se dispersa por entre os troncos da vida... Se me silencio... ou se me apago os dedos cansados de modernidade... não é porque não existam mais palavras acotovelando-se nas pinguelas da alma... também não significa que busque algo que me tire do chão onde me plantei ou me arranque as parcas leivas de sementes que flori... se choro no escuro porque nele a lágrima nasce apagando lamparinas... se não quero violinos e pianos no funeral de minhas águas... ou mesmo um vento que apague os resquícios de dor das folhas secas derrubadas de seus caules de vida... não é porque aprendi a sepultar palavras ou as queira escrever na lápide fria do tempo... Se guardo um silêncio na gaveta do tempo... é porque me beira a voz muda e articulada em minha garganta seca e sedenta de luz...
À Liss