Olhar Turvo-azulado da Tarde
As horas não passam. A tarde, de olhares turvo-azulados e desertos interiores, se desenrola ácida e lentamente. Acordam profundezas que julgava niveladas pelo tempo. E a solidão se assanha – ferida quente - no barulho insosso dos ponteiros do relógio. Um som longínquo se encrava na carne. Me deixo transbordar dessas migalhas. Um sorvedouro de melodias... Asas sopram da alma um poema íntimo... que se doa à profundidade densa dos sentimentos e dos sonhos... Nada muda entre o bater sem trégua dos ponteiros das horas... que se desenrolam, ácida e lentamente, pelas cordas do tempo...